sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O Morro dos Ventos Uivantes – Emily Brontë

“Se o amor dela morresse, eu arrancaria seu coração do peito e beberia seu sangue.”
O livro favorito do casal do momento: Bella e Edward! Na fazenda chamada Morro dos Ventos Uivantes nasce uma paixão devastadora entre Heathcliff e Catherine, amigos de infância e cruelmente separados pelo destino. Mas a união do casal é mais forte do que qualquer tormenta: um amor proibido que deixará rastros de ira e vingança. “Meu amor por Heathcliff é como uma rocha eterna. Eu sou Heathcliff”, diz a apaixonada Cathy. O único romance escrito por Emily Brontë e uma das histórias de amor mais belas de todos os tempos, O Morro dos Ventos Uivantes é um clássico da literatura inglesa e tornou-se o livro favorito de milhares de pessoas, inclusive dos belos personagens de Stephenie Meyer.


Sexta-Feira ou a Vida Selvagem - Michel Tournier

Robinson não poderá nunca voltar ao mundo que deixou. Então, palmo a palmo, edifica o seu pequeno reino. Tem uma casa, fortalezas para se defender e um criado, Sexta-Feira, que lhe é dedicado de alma e coração. Tem mesmo um cão, que envelhece calmamente ao sol de Speranza. A ilha é um pequeno baluarte de civilização e tudo parece ir pelo melhor. A verdade é que todos três se aborrecem. Sexta-Feira nada compreende da organização, das leis, dos rituais que tanto agradam a Robinson. Escapa-lhe a razão de ser dos campos cultivados, dos rebanhos, das fortalezas. Mas então dá-se um acontecimento inesperado… Esta obra é uma versão adaptada de «Vendredi ou Les Limbes du Pacifique», do mesmo autor.

Sexta-Feira ou a Vida Selvagem de Michel Tournier tem feito parte de uma das leituras obrigatórias para o 3º ciclo do Ensino Básico desde há longos anos. Para que o jovem leitor possa captar toda a importância desta obra, a presente publicação inclui um guia de leitura que oferece todas as informações fundamentais para ser contextualizada e as sugestões de leitura necessárias à perceção de uma mudança na forma como o pensamento europeu tem evoluído face a culturas anteriormente consideradas como primitivas.

O amante da China do Norte - Marguerite Duras

Ambientado na Indochina da década de 1920, este livro é o relato da paixão de uma adolescente branca e pobre e um chinês proibido de amá-la. Com seu estilo fluente e conciso, a autora volta à Indochina de sua infância para escrever este livro que guarda o traço autobiográfico de 'O amante'.

Ele diz:
-Vou magoar-te.
Ela diz que sabe.
Ele diz também que às vezes as mulheres gritam. Que as Chinesas gritam. Mas que só magoa uma vez na vida, e para sempre.

Neste livro existe uma palavra a partir da qual se ergue toda a história. Essa palavra é «criança», a criança. A paixão de um adulto por uma menina. A palavra criança enche este relato de inocência.

Um chinês adulto apaixona-se por uma menina. É rico e ocioso. Dedica-se às mulheres, ao jogo e a fumar ópio. “Não fazer nada é uma profissão. Muito difícil.” Um ambiente dócil e intencionalmente indolente, sem julgamentos. Era comum os chineses gostarem “das meninas pequenas”.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

O Feitiço da Ilha do Pavão – João Ubaldo Ribeiro

O Feitiço da Ilha do Pavão – João Ubaldo Ribeiro é o nome máximo da literatura brasileira, autor de clássicos da produção contemporânea, como Sargento Getúlio e O sorriso do lagarto. Em O feitiço da ilha do Pavão, publicado originalmente em 1997, ele retoma a dimensão histórica de Viva o povo brasileiro para narrar uma epopeia ágil, bem-humorada, dos habitantes de uma ilha imaginária na costa da Bahia, na época do Brasil colonial.
A ilha do Pavão, geografia fantástica, é o microcosmo de uma sociedade de colonizadores portugueses, índios e negros. Mas esse mundo ficcional criado por Ubaldo alcança um patamar ainda maior: é a representação de um povo, com seus matizes, seus pontos de tensão, suas glórias. O livro não se restringe ao romance histórico; é um mergulho na própria identidade brasileira.
O feitiço da ilha do Pavão é também uma narrativa vibrante, em que João Ubaldo explora ao máximo a riqueza da língua para criar diálogos vivazes, descrições de um colorido e uma precisão incomparáveis.




O NOME DA ROSA - Umberto Eco

Descrição do livro
Ficção de estréia de um dos mais respeitados teóricos da semiótica, O Nome da Rosa transformou-se em prodígio editorial logo após seu lançamento, em 1980.Tamanho sucesso não parecia provável para um romance cuja trama se desenrola em um mosteiro italiano na última semana de novembro de 1327.Ali, em meio a intensos debates religiosos, o frade franciscano inglês Guilherme de Baskerville e seu jovem auxiliar, Adso, envolvem-se na investigação das insólitas mortes de sete monges, em sete dias e sete noites.Os crimes se irradiam a partir da biblioteca do mosteiro – a maior biblioteca do mundo cristão, cuja riqueza ajuda a explicar o título do romance: “o nome da rosa” era uma expressão usada na Idade Média para denotar o infinito poder das palavras.Narrado com a astúcia e graça de quem apreciou (e explicou) como poucos as artes do romance policial, O Nome da Rosa encena discussões de grandes temas da filosofia européia, num contexto que faz desses debates um ingrediente a mais da ficção.O livro de Eco é ainda uma defesa da comédia – a expressão do homem livre, capaz de resistir com ironia ao peso de homens e livros.


O Gênio e a Deusa – Aldous Huxley

O Gênio e a Deusa – Aldous Huxley

Publicado em 15/06/2012 - Por Vortex Cultural
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Vocês vão me chamar de chato insistente por falar de novo desse negócio de ler outras obras do autor além daquela pela qual ele é mais conhecido, mas eu vou me dar o benefício da dúvida e crer que vocês ainda não perderam a paciência com essa minha mania de leitura. Para isso vou dar mais um exemplo: O Gênio e a Deusa, de Aldous Huxley.

O livro é curto e simples, pelo menos do ponto de vista do enredo. Um biógrafo interessado na vida do cientista atômico Henry Maartens procura John Rivers, seu aprendiz, para que esse revele detalhes particulares que o ajudem a compor a história da vida do notório cientista. John Rivers, numa frase que podia figurar naquelas listas de melhores inícios de história, começa seu relato dizendo:

“O mal da ficção (…) é que ela faz sentido demais. A realidade nunca faz sentido. (…) A ficção tem unidade, a ficção tem estilo. A realidade não possui nem uma coisa nem outra. Em seu estado bruto, a existência é sempre um infernal emaranhado de coisas (…) O critério da realidade é a sua incongruência intrínseca.” (p. 1)

Quando li essa primeira frase sabia que estava diante de um livro que iria gostar. Não sei se porque isso faz um sentido enorme para minha pesquisa ou porque gosto muito de literatura que fala sobre literatura, mas o fato é que considero O Gênio e a Deusa um livro muito bom.

John, ao relatar sua história com Maartens, nos leva a conhecer o tempo em que se tornou aprendiz dele, passou a morar com ele e sua família, se tornando assim, conforme constatamos com o andar da trama, também um membro dessa. Ele dá passeios com Ruth, a filha admiradora de poesia e de Edgar Allan Poe; conversa e brinca com o garoto Timmy; faz favores à Katy, a bela e espirituosa esposa de Henry etc. Tudo isso além de seus compromissos no laboratório.

Quando Huxley nos conta a história do ponto de vista do biógrafo de Henry, nos parece que esse será um livro também sobre o cientista, que versará sobre as experiências e descobertas desse (e de seu assistente) no campo da Física, Química e afins. Descobrimos, entretanto, que mais do que a ciência, a vida de Henry Maartens está repleta de romantismo, completamente enovelada na sua relação com sua esposa.

Assim, O Gênio e a Deusa não está repleto de termos científicos, de padrões frios e pesquisas levadas a cabo com uma exatidão por demais racional; mas sim abunda na humanidade da ciência, no que ela tem de mais proximal em relação a nossa própria consciência. Você não irá encontrar um cientista obcecado pela ciência, quase sendo por ela engolida. Você encontrará, sim, a ciência explorada em suas dimensões humanas, se comportando como evidências do potencial do homem em conhecer a natureza que o rodeia e a si próprio.

Por isso a referência dupla (e aparentemente contraditória) do título. Não é preciso abandonar a beleza ao fazer ciência, não é necessário excluir a poesia do texto científico. Da mesma forma que o gigantismo intelectual de Henry repousava sobre o frágil equilíbrio de sua relação com sua musa, Katy; também a ciência se mantém construtiva para o homem na medida em que não se torna uma obsessão.

Com um lirismo sensual, que explora facetas românticas da relação entre Katy e Henry, Huxley novamente nos fala (em outros termos) sobre a ciência e a tecnologia, e o que elas tem significado para os homens e a sociedade. A ciência convertida numa tecnologia bizarra, em Admirável Mundo Novo, onde se faziam homens em linhas de produção, é trazida aqui para uma trajetória individual. Descobrimos que a racionalidade que a caracteriza só lhe é útil até o ponto a partir do qual imperam conhecimentos que podem lhe parecer estranhos, como os sentimentos e as sensações, por exemplo.

O que a ciência representa para Henry, entretanto, não é o que significa para a massificação com que ela é praticada no mundo atual, ou como foi utilizada na construção da bomba atômica. A relação entra a vida e a ciência, que deveria ser orgânica, intrínseca, deixa de estar ao alcance dos homens se tornando uma arma, algo que lhes causa dor, sofrimento e, porque não dizer, alienação.

Com uma sensibilidade notória, Huxley coloca diante do leitor duas dimensões essenciais do conhecimento humano: a ciência abstrata e a empiria imediata. Embora elas pareçam estar irremediavelmente separadas no “mundo” como o conhecemos, elas são componentes de um mesmo constructo, uma não existe sem a outra. O questionamento que perpassa o conflito afetivo de Henry é o mesmo presente no cerne da reflexão de Huxley: do que serve a ciência e a tecnologia se não nos torna mais felizes, ou a vida mais prazerosa e justa? Ou em nível individual: do que serve a complexidade hermética da ciência de Henry se não torna sua relação com a esposa, parte capital de sua existência, melhor?

Essa é deveras uma pergunta que já foi feita várias vezes por várias pessoas em vários tempos, ainda que de formas diferentes. Apesar da recorrência, ela não fica ultrapassada, permanece viva, desafiando nossa própria capacidade de compreendê-la.

HUXLEY, Aldous. O gênio e a deusa. 4ª ed. Tradução de João Guilherme Linke. Rio
de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.

Texto de autoria de Lucas Deschain.



Leia Mais: http://www.vortexcultural.com.br/literatura/resenha-o-genio-e-a-deusa-aldous-huxley/#ixzz3r5F9FgcN

PORTUGAL E O FUTURO - António Spínola

PORTUGAL E O FUTURO ANÁLISE DA CONJUNTURA NACIONAL, do General António Spínola, prefácio de Carlos Lacerda, editado pela Nova Fronteira  nos idos de 1974 que, na época, defendeu que “Portugal é e deve ser cada vez mais um país africano do que europeu” sugerindo a criação de uma Federação intercontinental sob um governo central. Uma versão nova da Comunidade Britânica, à moda portuguesa, aprendida também a lição do general De Gaulle e do seu “referendo” na África.

No livro o Spinola esclarece às páginas 34 e 35:
“Analisemos agora o nosso caso à luz do imperativo da otimização de recursos impostos pela sobrevivência e prosperidade nacionais, orientando-nos para o efeito, pelos próprios objetivos definidos no IV Plano de Fomento. Tomando como referencia o prazo limite da vigência do acordo de Bruxelas e circunscrevendo a análise ao quadro da estrutura econômica que lhe preside, o exame dos dados estatísticos revela que, na hipótese do crescimento da economia nacional às taxas mais favoráveis, precisaríamos de 30 anos para recuperar o nosso atraso em relação aos países menos desenvolvidos do Mercado Comum”.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

O pensamento de Che Guevara - Michael Löwy

O pensamento de Che Guevara - Michael Löwy


Nascido em 1928 e assassinado em 1967 em uma emboscada na Bolívia, onde lutava contra as forças que oprimiam o povo boliviano, seu compromisso com a História foi forjado na luta diária, no campo, na cidade e na trincheira revolucionária, clandestina ou legal, quando colocou o seu pensamento em prática. Pelas suas intervenções políticas, o pensamento que desenvolveu e o significado que sua trajetória assumiu, Che tornou-se um dos símbolos do século de maiores transformações e enfrentamento de idéias e de forças que a humanidade já conheceu. Che é um exemplo de luta intransigente, o que faz de sua militância um legado para as novas gerações de lutadores e lutadoras do povo por um mundo melhor.

Escrito em 1969, dois anos após a morte de Ernesto Che Guevara numa emboscada na Bolívia, este título é uma síntese da contribuição teórica do revolucionário argentino-cubano. Além de mostrar as motivações éticas, políticas e humanistas, destacam-se textos e temas (o pensamento filosófico, o pensamento econômico e a guerra revolucionária) que tratam dos desafios enfrentados por Che na revolução cubana. O autor conclui a obra discorrendo sobre o significado do guevarismo em nossos dias.

Os Saltimbancos - Chico Buarque

Os Saltimbancos é um musical infantil com letras de Sergio Bardotti e música de Luis Enríquez Bacalov, com versão em português e músicas adicionais de Chico Buarque.

História 
Uma das mais expressivas obras de teatro musical dedicada ao publico infantil, no Brasil, “Os Saltimbancos” narra as aventuras de quatro bichos que, sentindo-se explorados por seus donos, resolvem fugir para a cidade e tentar a sorte como músicos.
A fábula musical foi traduzida e adaptada para o português por Chico Buarque de Hollanda em 1977 da peça teatral de Sergio Bardotti e Luis Enríquez Bacalov, que por sua vez haviam feito uma adaptação do conto “Os Músicos de Bremen”, dos irmãos Grimm, como uma alegoria política, na qual o Burro representaria os trabalhadores do campo; a galinha, a classe operária; o cachorro, os militares e a gata, os artistas. O barão, inimigo dos animais, seria a personificação da elite, ou dos "detentores do meio de produção".

Montagem teatral
O espetáculo teve estreia histórica no Canecão, no Rio de Janeiro, em agosto de 1977, com direção de Antonio Pedro, e contando no elenco com Marieta Severo (a Gata), Miúcha (a Galinha), Pedro Paulo Rangel (o Cachorro) e Grande Otelo (o Jumento). No coro infantil, estavam, entre outras crianças, Bebel Gilberto (filha de João Gilberto e Miúcha), Isabel Diegues (filha de Nara Leão), Silvia Buarque, Alexandra Marzo e Alice Borges (filha de Antonio Pedro). Os cenários e figurinos foram assinados por Maurício Sette. Chamava a atenção a presença de gigantescos bonecos que representavam os patrões dos bichos e que foram criados justamente nesta proporção para que as crianças pudessem mensurar o poder dos homens em relação aos animais.   Segundo texto do crítico Nelson Motta, que cobriu a estreia para o jornal O Globo, "Embora criado para crianças, Os Saltimbancos pode perfeitamente se inscrever entre os melhores espetáculos para adultos em cartaz na cidade". Completa Nelson Motta em sua crítica: "(...)Me senti invadido por uma luminosa emoção diante de profunda demonstração de amor e respeito de Chico Buarque para as crianças brasileiras, revelando-lhes numa linguagem simples e direta alguns valores fundamentais para a vida de tantos - adultos e crianças". O musical ganhou o Troféu Mambembe na Categoria Especial para Chico Buarque pela adaptação da obra, e o Troféu APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) de Melhor Espetáculo.





ÓPERA DO MALNDRO - Chico Buarque


Resumo e análise


A Ópera do Malandro está atualíssima, ou seja, continua fazendo parte de um Brasil conhecido pela maioria dos brasileiros.
Um cafetão de nome Duran, que se passa por um grande comerciante, e sua mulher Vitória, que do nome nada herdou. Vitória era uma cafetina que, na realidade, vivia da comercialização do corpo. A sua filha Teresinha era apaixonada por uma patente superior, Max Overseas, que vive de golpes e conchavos com o chefe de polícia Chaves. Outras personagens são as prostitutas, apresentadas como vendedoras de uma butique, e a travesti Geni, que só serve para apanhar, cuspir e dar para qualquer um.
A peça se passa na década de 1940, tendo como pano de fundo a legalidade do jogo, a prostituição e o contrabando. Mostra um contexto bem parecido com nosso terceiro milênio, em que temos o jogo do bicho, entre outros tantos; as prostitutas do calçadão de Copacabana, o contrabando nas ruas de CDs, DVDs.
Qual seria o significado do nome Overseas? (ultramar) Se analisarmos o nome "overseas" lexicalmente, veremos que "over" significa "além" e "seas" oceanos. Logo, aglutinando as duas palavras, teremos como conclusão além dos oceanos, ou seja, além dos mares, além das fronteiras. Reparem que no final ele se lança em transações além mar, ultrapassando as fronteiras, inclusive da legalidade, espalhando a sua malha de negócios, agora legais, com dois grandes ex-amigos: o gigolô Duran e o delegado Chaves, cognominado Tigrão.
Todas as músicas são da autoria de Chico Buarque que, por sua genialidade, consegue harmonizá-las com o texto. Na música Geni e o Zepelim, Geni, é uma travesti, fato que só descobrimos assistindo à peça. Geni, a princípio, não serve para nada. Todavia, quando o comandante de um zepelim reluzente resolve bombardear a cidade, mudando de ideia apenas se tiver uma noite de amor com a travesti, todos resolvem pedir-lhe para ceder aos caprichos do comandante. As músicas seguem os compassos binário (2/4), terciário (3/4) e quaternário (4/4).








CALABAR - Chico Buarque e Ruy Guerra

Quando o bom humor também faz pensar



Por Claudio Pucci

"Calabar" de Chico Buarque e Ruy Guerra, dirigida por Fernando Peixoto, é a mais recente e boa novidade do teatro paulista. Proibida desde 73, quando o mesmo Peixoto dirigia no Rio sua primeira e frustrada montagem, a peça representa agora, encenada no Teatro São Pedro, uma importante afirmação no nosso teatro e da gente que faz, num espetáculo que lembra a todos o óbvio e às vezes esquecido príncípio de que pensamento e bom humor não são incompatíveis. E é divertindo e fazendo rir (bem, não dá para deitar e rolar...) que "Calabar" propõe um estimulante jogo de reflexão.

Mulato sarará, bravo guerreiro, Calabar servia aos portugueses no Brasil Colônia da primeira metade do século 17, onde, como sempre, todo mundo dava sua bicadinha, direta ou indiretamente (espanhóis, ingleses, franceses, holandeses). Acabou virando bandeira, possivelmente por achar que lutando com os holandeses, contra os portugueses, estava defendendo o Brasil, naquele momento. Dançou. Enforcaram o moço, picaram em pedaços, cuspiram, salgaram a terra onde vivia, como fizeram com Tiradentes. Só que Calabar entrou para a História, escrita pelos portugueses como um insuspeitável traidor. Se os historiadores fossem os holandeses, o mulato virava herói. Mas a idéia não é reabilitar a "denegrida" imagem de Calabar, mas sim considerar que traição, como tantas outras coisas que são dadas como "certas", é uma questão de ponto de vista; e que até hoje tem gente sendo sacrificada por não estar de acordo com a "História" que continua sendo escrita pelos dominadores, flagrante minoria.

Mas o espetáculo não fica só no discurso não, e até faz uma antiga postura quando anuncia o intervalo. Tem música, e da boa, já gravada em disco, embora censurada; tem trapalhadas de uma boa chanchada, de um teatro de revista; tem muita mulher bonita, e até completamente sem roupa, um papagaio maluco, um boi voador, um frei também, e um bom elenco, onde ninguém (Tânia Alves é a melhorzinha) sabe cantar, mas fazer, o que se há de? Nesse elenco está Othon Bastos, fazendo dois papéis, o do governador Mathias de Albuquerque e o do príncipe holandês Maurício de Nassau, enviado especial da CIO (Companhia das Índias Ocidentais). E sua presença, segura e brilhante, já seria uma boa razão para se ir ao São Pedro.

Mas não espere perfeição, e o diretor Fernando Peixoto deve ter dado muito upa para minorar e/ou transformar limitações do texto em qualidades do espetáculo. O Chico não gosta que se diga, mas ainda lhe falta (aqui também ao Ruy) mais carpintaria, artesanato teatral - sozinho ou em parceria.

"Calabar" (que tem o subtítuto "O elogio da traição") é melhor que a "Ópera do Malandro", se for comparar. É mais clara e amarrada, embora ainda um pouco confusa e caótica - o que serve aqui ao diretor para montar o painel-salada pretendido. E não se deve esquecer: com esse negócio de censura ficar cortando tudo, pedaços, interditando o feito, tanto com a "Ópera" como com "Calabar", explicitar, enxugar, e tira aqui põe ali, que não há dramaturgo, diretor e ator que dê jeito.

Mas essa gente até que deu (o bom elenco de 20 atores tem ainda Tânia Alves, Sérgio Mambertti, Renato Borghi, Martha Overbeck, Gésio Amadeu, Miguel Ramos, Osmar di Pieri, Elias Andreato, Ariel Moshe, Dadá Cyrino, Édsel Britto, Ina Rodrigues, Luiz Braga, Luis Carlos Gomes, Mercedes de Souza, Samuel Santiago, Wilson Rabelo, Zdenek Hampl e a encantadora Mônica Brant, em cenário e figurinos de Hélio Eichbauer, com direção musical de Marcus Vinícius). E o aviso no palco escrito com letras meio tortas e trôpegas é a melhor legenda, não só para o mulato sarará personagem mas para todos - desde Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Tetê Medina, Hélio Ari, Betty Faria (da primeira montagem, interditada), até esse grupo de agora, incluindo a costureira Alice, a camareira Helena e o maquinista Paschoal - que fizeram esse trabalho, e quem mais se identificar com ele: "Calabar é como cobra de vidro (um lagarto de lenda popular): quando se corta em dois ou três, facilmente se refaz."



LEITE DERRAMADO - Chico Buarque


Descrição do livro

Um homem muito velho está num leito de hospital. Membro de uma tradicional família brasileira, ele desfia, num monólogo dirigido à filha, às enfermeiras e a quem quiser ouvir, a história de sua linhagem desde os ancestrais portugueses, passando por um barão do Império, um senador da Primeira República, até o tataraneto, garotão do Rio de Janeiro atual. A fala desarticulada do ancião cria dúvidas e suspenses que prendem o leitor. O discurso da personagem parece espontâneo, mas o escritor domina com mão firme as associações livres, as falsidades e os não ditos, de modo que o leitor pode ler nas entrelinhas, partilhando a ironia do autor, verdades que a personagem não consegue enfrentar. Tudo, neste texto, é conciso e preciso; como num quebra-cabeça bem concebido, nenhum elemento é supérfluo. Percorre todo o livro a paixão mal vivida e mal compreendida do narrador por uma mulher. Os múltiplos traços de Matilde, seu “olhar em pingue-pongue”, suas corridas a cavalo ou na praia, suas danças, seus vestidos espalhafatosos, ao mesmo tempo que determinam a paixão do marido e impregnam indelevelmente sua lembrança, ocasionam a infelicidade de ambos. Embora vista de forma indireta e em breves flashes Matilde se torna, também para o leitor, inesquecível. Outras figuras, fixadas a partir de mínimos traços, circulam pela memória do protagonista: o arrogante engenheiro francês Dubosc; a mãe do narrador, que, de tão reprimida e repressora, “toca” piano sem emitir nenhum som; a namorada do garotão com seus piercings e gírias. É espantoso como tantas personagens ganham vida neste breve romance. Leite derramado é obra de um escritor em plena posse de seu talento e de sua linguagem.



BENJAMIM - Chico Buarque

Chico Buarque volta ao romance com o onírico Benjamim e revela que sua maior inspiração literária é a música

Ao contrário do tom confessional de Estorvo, Benjamim, o aguardado e até ontem misteriosíssimo segundo romance do cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda, é narrado em terceira pessoa. Mas, nem por isso, perde o tom onírico e difuso com que Chico já flertava no livro anterior - até então só havia se aventurado em peças, como Gota d'água, Ópera do malandro e Roda viva, e na novela Fazenda modelo. Mas, longe de um imparcial observador da trama, Chico constrói a história a partir do olhar de cada personagem. O resultado é um livro surpreendente, onde as palavras são manipuladas para construir imagens perfeitas que poderiam estar numa das letras do autor. Nas livrarias na próxima sexta-feira, Benjamim (Companhia das Letras) é falsamente simples. Tão simples que mata o protagonista no primeiro parágrafo.
A história é um delírio do ex-modelo fotográfico Benjamim Zambraia segundos antes de morrer num, a princípio, nebuloso fuzilamento. Obcecado por Castana Beatriz, ex-namorada morta, ele encontra Ariela Masé, uma jovem que se transforma na continuação da amada perdida, com quem é estranhamente parecida. Os dois personagens surgem em situações paralelas que vão se chocando até o final genial. As emoções são mais vividas que narradas, num ritmo que, mesmo extremamente cinematográfico, e, acima de tudo, musical.
A cidade não é o Rio, mas parece. O casal central e os personagens secundários - o político cretino, o marido policial entrevado, o chefe capaz de esfregar na cara a toalha usada por Ariela, por exemplo - poderiam ser de Rubem Fonseca. Mas Chico não pensa duas vezes ao indicar a maior influência de sua literatura ''Meu mentor é a música", admite (leia entrevista na página 5 ).
Ritmada, descritiva sem ser realista e recheada de passagens onde nenhuma emoção precisa ser explícita para que se saiba o que sente o personagem, a narrativa de Benjamim não é vertiginosa como a de Estorvo. Vai por estrofes de canção e se repete em refrões, até ganhar velocidade perto do fim. Chico diz que as citações são todas cinematográficas ou literário-musicais, sem nada específico.
Mas o leitor que buscar em Benjamim o lirismo de um dos maiores pintores da música brasileira fará suas próprias relações. E encontrará quadros conhecidos, como quando Ariela termina um capítulo sob a luz rasante do sol descendo uma rua, mirando-se não nas Vitrines, mas nas fachadas alternadamente, "lado ímpar e lado par, ímpar e par".
Benjamim acredita ter encontrado em Ariela a filha ilegítima deixada pela idealizada Castana Beatriz. Ao redor dos dois circula Alyandro, o bandido promovido a político, o chefe de Ariela e outros espectros, que entrecortam e contracenam sem se ver, como no momento em que a narrativa segue um comício numa praça. O resultado lembra a câmera sem corte de Robert Altman na abertura de O jogador. Tudo acontece para voltar aos segundos antes da morte que inicia o livro, num ciclo em que os personagens são descobertos aos poucos, enganam o leitor sem querer e se revelam uns para os outros.
Mesmo dentro do sonho, os personagens ganham realidade e o leitor vira cúmplice involuntário ou angustiada testemunha muda. Chico conta primeiro ao leitor o fim do livro e o obriga a assistir, calado, o destino de Benjamim. Unindo e separando Ariela e Benjamim, ele apresenta ao leitor a verdade (?) sobre Castana e sua luta política e sobre o policial Jeovan, paralítico graças a um tiro. Benjamim e Ariela caminham nervosamente para um endereço que só Ariela e o leitor conhecem, para onde ela já levou muitos homens e que Benjamim conhece, mas não sabe disso ainda. Nas 170 páginas de Benjamim, Chico confunde e guia através da neblina da mente de Benjamim e mostra como o clima onírico de um delírio derradeiro pode ter jeito de diário.

FAZENDA MODELO - Chico Buarque

Chico escreveu a "novela pecuária" Fazenda modelo em 1974, quando rompeu por um período seus contratos musicais e se trancou durante nove meses para compilar o livro. Os bois e outros animais compõem uma alegoria do Brasil da censura, da ditadura, das maravilhas e mazelas do milagre econômico.
 
Em Fazenda modelo, "novela pecuária": Chico Buarque tece uma alegoria sobre a sociedade dos homens - falando, no entanto, exclusivamente de bois e vacas. 
Trata-se de uma parábola sobre o poder, a respeito das formas de dominação social sobre o rebanho humano. E a forma de dominação mais radical é usurpar do indivíduo - sempre em nome dos mais santos princípios - qualquer possibilidade de assumir seu próprio destino pessoal. 
A Fazenda modelo é uma comunidade bovina que começa a crescer e que se vê - através da liderança mansa do boi Juvenal, o bom - submetida a um processo radical de transformação, de "progresso": em que tudo que era natural é considerado "atrasado" ou "pecado" e passa a ser cientificamente regulado. Destroem-se todas as formas de auto-regulação do indivíduo, desde as alimentares até as sexuais: a procriação na Fazenda Modelo estava garantida através da inseminação artificial - do banco de espermas do touro Abá, o Grande Reprodutor. Juvenal abolira o relacionamento sexual do rebanho, totalmente voltado à reprodução. E o filho de Abá, Lubino, deveria suceder o pai nessa gloriosa tarefa de "rapador" da Fazenda Modelo. 
É exatamente o momento da "iniciação" de Lubino por Jurenal que o trecho escolhido apresentará.
Adélia Bezerra de Meneses,
Literatura Comentada, Abril Cultural, 1980

Gota D'Água - Chico Buarque e Paulo Pontes


Escrita em 1975, "Gota D'Água" tem como pano de fundo as agruras sofridas pelos moradores de um conjunto habitacional, a Vila do Meio-dia, e, no centro, a relação entre Joana e Jasão (Cristiano Tomiossi), um compositor popular assediado pelo poderoso empresário Creonte.

O músico termina por largar Joana e os dois filhos para casar-se com Alma, a filha do empresário, o que leva Joana ao suicídio. Antes, porém, ela mata os próprios filhos como vingança à ingratidão de Jasão.




O IRMÃO ALEMÃO - Chico Buarque

‘O novo livro de Chico Buarque é um romance em busca da verdade e dos afetos. O autor já publicou os romances Estorvo, Benjamim, Budapeste e Leite derramado que lhe renderam três prêmios Jabuti e venderam quase um milhão de exemplares, ficando por meses nas listas de livros mais vendidos do país. Ele também é autor de peças como Roda viva e Ópera do malandro. A narrativa de Chico se faz mais daquilo que escorre entre as palavras, do que com as verdades que elas costuram. […] Ele está entre os grandes narradores brasileiros contemporâneos.’ (José Castello, O Globo)
Calma, Ciccio, disse minha mãe, quando já crescido lhe perguntei por que meu pai não escrevia um livro, uma vez que gostava tanto deles. Ele vai escrever o melhor libro del mondo, disse arregalando os olhos, ma prima tem que ler todos os outros. A biblioteca do meu pai contava então uns quinze mil livros. No fim superou os vinte mil, era a maior biblioteca particular de São Paulo, depois da de um bibliófilo rival que, dizia meu pai, não havia lido nem um terço do seu depósito. Calculando que ele tenha acumulado livros a partir dos dezoito anos, posso tirar que meu pai não leu menos que um por dia. Isso sem contar os jornais, as revistas e a farta correspondência habitual, com os últimos lançamentos que por cortesia as editoras lhe enviavam. A grande maioria destes ele descartava já ao olhar a capa, ou após uma rápida folheada. Livros que jogava no chão e mamãe recolhia de manhã para juntar no caixote de doações à igreja. E quando porventura ele se interessava por alguma novidade, sempre encontrava algum pormenor que o remetia a antigas leituras. Então chamava com seu vozeirão: Assunta! Assunta!, e lá ia minha mãe atrás de um Homero, um Virgílio, um Dante, que lhe trazia correndo antes que ele perdesse a pista. E a novidade ficava de lado, enquanto ele não relesse o livro antigo de cabo a rabo. Por isso não estranha que tantas vezes meu pai deixasse cair no peito um livro aberto e adormecesse com um cigarro entre os dedos ali mesmo na espreguiçadeira, onde sonharia com papiros, com os manuscritos iluminados, com a Biblioteca de Alexandria, para acordar angustiado com a quantidade de livros que jamais leria porque queimados, ou extraviados, ou escritos em línguas fora do seu alcance. Era tanta leitura para pôr em dia, que me parecia improvável ele vir a escrever o melhor libro del mondo. Por via das dúvidas, quando ao sair do quarto eu ouvia o toque-toque da máquina de escrever, tirava os sapatos e prendia a respiração para passar ao largo do seu escritório. E me encolhia todo se por azar naquele instante ele arrancasse num ímpeto o papel do rolo, achava que em parte era de mim a raiva com que ele esmagava, embolava a folha e a arremessava longe. Outras vezes a máquina cessava para meu pai pedir socorro: Assunta! Assunta!, era alguma citação que ele precisava transcrever urgentemente de um determinado livro. Com isso levava meses para redigir, rever, rasurar, arremessar bolotas, recomeçar, corrigir, passar a limpo e certamente contrafeito entregar para publicação o que seriam rascunhos do esqueleto do grande livro da sua vida. Eram artigos sobre estética, literatura, filosofia, história da civilização, que ocupariam uma coluna ou um rodapé de jornal. Quando papai morreu, apareceu um editor disposto a publicar uma coletânea dos artigos assinados por ele ao longo da vida. Fui contra, cheguei a mostrar à minha mãe a profusão de correções e emendas ilegíveis que meu pai sobrepusera ao texto ou anotara à margem dos próprios artigos, recortados dos jornais. Mas mamãe estava convencida de que o livro seria aclamado no meio acadêmico, quiçá editado até na Alemanha, graças aos escritos de juventude concebidos naquele país. E ainda insinuou que desde a infância eu procurava sabotar meu pai, haja vista aquele ensaio que por minha culpa desfalcaria suas obras completas. Meia verdade, porque era ao meu irmão que de tempos em tempos meu pai confiava um envelope a ser entregue na redação de A Gazeta, do outro lado da cidade. Para isso, além do dinheiro do bonde, ele o remunerava com uma quantia suficiente para uma semana de milk-shakes. Mas volta e meia meu irmão me repassava o dinheiro do bonde e o envelope, que eu levava a pé à redação. Não me movia o dinheiro poupado, que mal pagava duas mariolas, eu ficava era todo prosa com tamanha responsabilidade. Ainda ganhei a simpatia dos funcionários do jornal, e não me importava de passar por um suado estafeta do meu pai, em cujas mãos despejavam mais umas moedas. Mas certa vez, a caminho da redação, parei para jogar um futebol de rua, era comum naquele tempo. Carros circulavam só de quando em quando, e ao avistá-los ao longe os meninos gritavam: olha a morte! Logo recolhíamos as lancheiras, as pastas, os agasalhos que representavam as balizas e aguardávamos na calçada a passagem do carro para recomeçar a partida. Mas nesse dia não foi o trânsito, foi uma chuva súbita que nos obrigou a apanhar depressa nossas coisas e buscar abrigo sob a marquise de um empório. Chegou a cair granizo, que catávamos do chão, chupávamos, atirávamos uns nos outros, uma festa. Mas de repente calhou de eu me lembrar do envelope do meu pai, que eu deixara debaixo de um pulôver e agora estava ali no meio do aguaceiro. Corri para salvá-lo e por pouco não fui atropelado, pois naquele segundo passou um Chevrolet que agarrou o envelope com o pneu e só o soltou duas quadras adiante. Fui colher seus restos, e não havia remédio, o artigo do meu pai era uma estranha massa cinzenta, uma maçaroca de papel molhado. – Do blog da Companhia das Letras



Budapeste - Chico Buarque

SINOPSE

Ao concluir a autobiografia romanceada 'O ginógrafo', a pedido de um bizarro executivo alemão que fez carreira no Rio de Janeiro, José Costa, um ghost-writer de talento fora do comum, se vê diante de um impasse criativo e existencial. Escriba exímio, 'gênio', nas palavras do sócio, que o explora na 'agência cultural' que dividem em Copacabana, Costa, meio sem querer, de mera escrita sob encomenda passa a praticar 'alta literatura'. Também meio sem querer, vai parar em Budapeste, onde buscará a redenção no idioma húngaro, 'segundo as más línguas, a única língua que o diabo respeita'. Narrado em primeira pessoa, combinando alta densidade narrativa com um senso de humor muito particular, 'Budapeste' é a história de um homem exaurido por seu próprio talento, que se vê emparedado entre duas cidades, duas mulheres, dois livros, duas línguas e uma série de outros pares simétricos que conferem ao texto o caráter de espelhamento que permeia todo o romance.

Estorvo - Chico Buarque

SINOPSE

A campainha insiste, o olho mágico altera o rosto atrás da porta e o narrador inicia uma trajetória obsessiva, pela qual depara com situações e personagens estranhamente familiares. Narrado em primeira pessoa, 'Estorvo' procura se manter no limite entre o sonho e a vigília, projeções de um desespero subjetivo e crônica do cotidiano.

AS AVENTURAS DE KARL MARX CONTRA O BARÃO DE MÜNCHHAUSEN - Michael Löwy

Michael Löwy, ensaísta brasileiro de projeção internacional, nasceu na cidade de São Paulo em 1938, filho de imigrantes judeus de Viena. Sociólogo pela Universidade de São Paulo (USP) desde 1960 doutorou-se na Sorbonne, sob a orientação de Lucien Goldmann em 1964. Vive em Paris desde 1969, onde trabalha como diretor de pesquisas no Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Veterano e lutador político militante de esquerda, é autor de livros e artigos traduzidos em 25 línguas, dentre os quais destacam-se: Walter Benjamin, aviso de incêndio (São Paulo, Boitempo, 2005); Ecologia e socialismo (São Paulo, Cortez, 2005) e A teoria da revolução no jovem Marx (Petrópolis, Vozes, 2002).
2A questão principal a que se propõe Michael Löwy no livro “As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen” é, mediante, as correntes do pensamento (positivismo, historicismo e marxismo) examinar os dilemas, as contradições, os limites e as contribuições dessas correntes para a construção de um modelo de objetividade próprio das ciências humanas e para uma sociologia crítica do conhecimento. Sua perspectiva é o estudo das relações entre as classes, categorias sociais (utopia e ideologia) e conhecimento científico. A polissemia dos termos revela uma ambivalência de significados, que tratavam em diferentes correntes do pensamento, ideologia como oposição ou analogia a utopia.

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

As Boas Mulheres da China - Xinran


SINOPSE


Entre 1989 e 1997, a jornalista Xinran entrevistou mulheres de diferentes idades e condições sociais, a fim de compreender a condição feminina na China moderna. Seu programa de rádio, 'Palavras na brisa noturna,' discutia questões sobre as quaispoucos ousavam falar, como vida íntima, violência familiar, opressão e homossexualismo. Xinran colheu inúmeros relatos de mulheres em que predomina a memória da humilhação e do abandono - estupros, casamentos forçados, desilusões amorosas, miséria e preconceito. São histórias como as de Hongxue, que descobriu o afeto ao ser acariciada não por mãos humanas, mas pelas patas de uma mosca; de Hua'er, violentada em nome da 'reeducação' promovida pela Revolução Cultural; da catadora de lixo que impôs a si mesma um ostracismo voluntário para não envergonhar o filho, um político bem-sucedido; ou ainda a de uma menina que perdeu a razão em conseqüência de uma humilhação intensa.

O demônio e a Srta. Prym - Paulo Coelho

“Uma cidade dividida pela cobiça, a covardia e o medo. Um homem perseguido pelo fantasma de um passado doloroso. Uma jovem em busca da felicidade. São apenas sete dias, decisivos para que anjos e demônios lutem por aliados. Nesta longa e única semana, cada personagem fará seu pacto - Bem ou Mal?
A pequena Viscos, um vilarejo esquecido no tempo e no espaço, será o palco dessa batalha inquietante.
Ao receber o misterioso estrangeiro, a cidade se torna cúmplice de uma trama ardilosa, que marcará para sempre a história de cada um de seus poucos habitantes.
Ele veio de muito longe e precisa encontrar a resposta à pergunta que o atormenta - o homem é, em sua essência, bom ou mau?
O Demônio e a Srta. Prym é um texto emocionante em que a integridade do ser humano será terrivelmente testada.”

 Resenha:
“O mal precisava se manifestar para que entendam o valor do bem.”

“O demônio e a Srta. Prym” é o terceiro livro de uma série que o Paulo Coelho resolveu escrever sobre uma semana na vida de uma pessoa normal que, quando confrontada, é capaz de mudar completamente.
Viscos é uma cidadezinha de interior falida onde vivem pouquíssimos habitantes. A típica cidadezinha onde todos se conhecem e nada é segredo por muito tempo.
Nessa cidade vive a esperta e encantadora Chantal, uma jovem órfã que não teve muitas oportunidades na vida e, por isso, nunca foi capaz de sair da cidade como fizeram todos os seus amigos. Ao contrário, Chantal teve que largar os estudos e começar a trabalhar no hotel para sobreviver.
Mas a vida de todos está prestes a mudar. Quando um estranho misterioso chega à cidade. O homem foi atormentado por um passado tenebroso e, guiado por um demônio, resolve fazer um jogo sinistro para obter uma resposta que poderá libertar ou condenar sua própria alma - O homem seria em sua essência bom ou mau?
O estrangeiro encontra com Chantal, que cai em sua armadilha, e faz sua proposta à jovem e em seguida à cidade. Diante de uma grande recompensa uma pessoa deverá morrer.
Nesse momento Chantal se vê diante dos seus próprios demônios e enfrentá-los pode trazer a chance da liberdade que sempre desejou ou condená-la pra sempre.
Será que um crime será cometido? Quem é confiável? Será que a moça trairá o estranho? E quais seriam as consequências desse ato? O suspense vai do começo ao fim e os leitores se colocam no lugar da personagem garantindo uma leitura excelente.



Moby Dick -

Descrição do livro

Considerado um dos principais romances norte-americanos de todos os tempos, Moby Dick (1851) ganha sua versão definitiva em português. Nos 135 capítulos que narram a última viagem do baleeiro Pequod da costa leste dos Estados Unidos ao encontro com o imenso cachalote branco, Herman Melville explora com brilhantismo os mais variados gêneros literários: da narrativa de viagens ao teatro shakespeariano, passando pela descrição científica e a meditação filosófica.
” Eu não conheço tudo que vem pela frente, mas seja o que for, vou enfrentar gargalhando”.

–  Capitão Ahab, em Moby Dick  

Moby Dick é o livro mais festejado do autor norteamericano Herman Melville, sendo o nome da baleia cachalote enfurecida que após sucessivos ataques, passou a atacar navios baleeiros.

O livro é escrito em formato de diário do personagem Ismael, alternando-se entre sua história a bordo no navio Pequod do capitão Ahab e trechos de não ficção com imensas explicações sobre métodos de caça de baleia, arpões, produtos explorados a partir da caça etc.

Acredite, é melhor adquirir uma versão editada, retirando-se a parte de não ficção da obra com suas explicações exaustivas e hoje em bem pouco interessantes sobre o mercado dos produtos de baleia do século XIX. 

O capitão Ahab teve sua perna arrancada após o ataque da baleia Moby Dick, descrito como um monstro a caçar navios baleeiros nos mares do norte. Desde então, a fixação doentia do capitão é cruzar os mares na busca da criatura para matá-la. Seu único amor e preocupação, a integridade de seu navio Pequod.

O final do livro é previsível, mas mesmo assim permanece a discussão filosófica sobre o risco de se colocar em xeque tudo que se ama em prol da fixação pelo desejo de vingança e por culpa da cegueira acarretada pelo ódio. 



As sandálias do pescador - Morris West

Resenha (Skoob): "As sandálias do pescador" foi escrito no início dos anos 60, no auge da Guerra Fria entre Estados Unidos e União Soviética. Considerado "profético" por alguns, pois sua trama antecipa em cerca de 20 anos (1963) a eleição de um Papa vindo de um país comunista do leste europeu, que assume o Vaticano praticamente no mesmo ano que seu torturador chega ao poder na URSS. Entre ambos se estabelece um diálogo de grande transcendência sobre a convivência pacífica dos povos. Os perigos de um conflito atômico, o debate entre ciência e religião, amor e pecado são temas que se entrelaçam neste livro. É como se West, ao escrever "As sandálias do pescador", idealizasse uma possibilidade de paz num momento politicamente tão difícil.